Trgêmas Helena, Isabel e Micaela

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

E como lidar com a UTI?

Pra variar, sumidinha, mas hoje vim aqui pra falar sobre uma coisa que sempre me atormentou: UTI Neo Natal.

Sempre me pego lembrando dos tempos de UTI e como esses dias foram difíceis pra mim. Resolvi escrever um pouco sobre essas angústias e preparar possíveis mamães de prematuros a saber lidar com tudo isso.

Quando descobri minha gravidez, sempre me preparei para a UTI, pois pelo que havia lido, o risco de parto prematuro era enorme, como de fato foi. Eu cheguei a 33 semanas exatas, o que para trigêmeos é uma vitória. Mas sempre me preparando para a tal UTI. Mas sabe quando NADA te prepara? Pois é... mesmo tendo lindo muito, eu nem imaginava o que passaria.

No dia que elas nasceram, eu as vi ainda no centro cirúrgico e logo elas foram levadas para a UTI. Eu fiquei algum tempo me recuperando da cirurgia e pouco depois fui pro quarto, onde minha mãe e meu marido me esperavam. Não via a hora de ter notícias delas. Nem sei exatamente quanto tempo levou isso, mas pareceu uma eternidade. Assim que vi meu marido já perguntei, e ele disse que estavam todas bem, mas disse que não ia tirar fotos delas daquele jeito. Já imaginei o pior...
Passei muito mal no pós operatório. Desmaiei várias vezes, não conseguia levantar e senti muuuuuuuuuuuita dor. Até pra respirar doia, sério gente, feliz das que fazem cesárea e não sentem nada. Ficava imaginando como eu conseguiria levantar daquela cama pra ver minhas filhas. No dia seguinte ao nascimetno, o Michel perguntou se poderia me levar de cadeira de rodas e autorizaram, porém só até a porta da UTI. Lá dentro eu teria que caminhar. E eu fui, nem sei como consegui forças pra levantar daquela cadeira de tanta dor que sentia, e morrendo de medo de desmaiar pela 44846131 vez. Mas precisava vê-las. Quando entrei, logo de cara já me senti um ET. Coloca capa, máscara, lava mão assim, assado, passa álcool gel. Enfim. Nisso vc já começa a escutar os milhões de pipipipi das máquinas ligadas as caixas de vidro cheias de bebês. Gente é desesperador. Aí vc vê aquele monte de médico, enfermeira (que nessa altura vc nem sabe quem é quem). Ok... O Michel já sabia onde estavam as meninas (estavam todas próximas). Procurei baixar a cabeça e ir direto pra elas, não queria ficar olhando outros bebês e me impressionar mais do que já estava. Aliás, essa é uma dica que eu dou. Foque no que é seu lá dentro, porque é mto sofrimento junto. E fui, caminhando a passos de tartaruga, para o "bercinho" das minhas filhas. Ao chegar, me assustei. A primeira que eu vi foi a Isabel. Lembro que me assustei com a sonda na boca, aqueles montes de fio e a máquina apitando sem parar. Mas como o Michel já tinha ido várias vezes (essa uti era humanizada, então os pais tinham acesso livre a qualquer hora do dia e quantas vezes quisesse, Graças a Deus), ele sabia bem o que era cada coisa, cada apito etc. Foi minha sorte, porque ajudou a me acalmar. Aí ele abriu a caixinha pra que eu pudesse tocar nela. Olhei com cara de susto, tipo: Posso mesmo? Ai toquei nela, gente que alegria tocar na minha filha. Fui de uma em uma tocando e cantando a música Aos olhos do Pai, que cantei durante a gravidez toda pra elas. Nisso a enfermeira veio e perguntou se eu queria fazer o canguru, ou seja, pegar nelas. Gente quase morri. Queria muito mas estava morrendo de medo. Era muito fio, e se algum fio soltasse. Não estava preparada pra isso. Mas fui em frente. Ela ajudou, abriu minha camisola e encaixou a Isabel no meu colo. Que sensação maravilhosa meu Deus. Não consigo nem descrever pra vcs... Ela era minha finalmente. Tentei amamentar, sem forçar nada porque ela não podia se esforçar muito pra não perder peso. Mas tentei... Ela tinha a boquinha tão minuscula que nao conseguia abocanhar e muito menos saber o que fazer rsrsrs... Mas eu pude senti-la, pude cheirá-la. Depois foi a vez da Micaela. Neste dia só não peguei a Helena, porque ela estava no colo do papai, aí achamos melhor ela não ficar passando de colo em colo. Mas no dia seguinte ela veio pro meu colinho tbem, feito uma princesinha.
Depois desse primeiro impacto, os outros dias foram menos piores. pois já sabia o que fazer. Passava a maior parte do tempo lá dentro da UTI. Saia pra dormir, comer, tomar banho e tirar leite. E só. Lembro do dia que entrei lá e a Helena estava chorando muito. Escutei o choro dela da porta. Quando cheguei perto da incubadora, escorria lágrimas dos olhos dela. Ai que dó meu Deus. Chorei junto. Porque ela parecia tão sozinha. Peguei no colo e chorei muito... Por isso que eu digo, só quem passa por isso consegue saber como é dolorido.
Foram "apenas" 5 dias de UTI e todas tiveram alta pro quarto do canguru pra ganhar peso. E quando achei que tinha me livrado daquela sala, a Micaela tem uma crise de apneia e precisa voltar urgente pra UTI. Pegou uma infecção generalizada, não me deixaram entrar na UTI por um bom tempo porque ela teve mais 3 crises de apneia depois que entrou lá. Gente, que dor. Achei que ia perder minha filha e sem poder vê-la então. E tive que tirar forças pra poder cuidar das outras duas que precisavam da minha atenção da mesma forma. Quando pude vê-la, foi um retrocesso. Foi a vez que senti mais medo de perder uma das minhas filhas. Mas Graças a Deus, foi apenas mais 6 dias de UTI para estar novamente com as irmãs. E ficou tão bem que na própria UTI tiraram a sonda e ela aprendeu a mamar direitinho na mamãe. O maior problema foi me dividir dessa forma entre UTI e quarto... Mas tudo valeu a pena. Cada esforço, cada lágrima.
Ser mãe de UTI não é fácil. E nunca vai ser... Agradeço de coração a todos os profissionais que tornaram minha jornada (24 dias no total) dentro do hospital e me ajudaram a sair vitoriosa com as minhas 3 bençãos. Só tenho a agradecer a Deus por tudo.

 Não vou demorar tanto pra postar notícias ok!

Bjus grandes pra todos!

Isabel

Micaela

Helena

Evolução das trigêmeas